quarta-feira, 6 de março de 2013

A loucura

"A loucura aterroriza-nos e fascina-nos. Sentimos medo indisfarçável de um dia atravessarmos a fronteira- às vezes tão ténue- que nos separa daquilo a que chamamos "o mundo real", onde vivemos de acordo com as normas de uma mal definido conceito de "normalidade", e mergulhamos nessa realidade distorcida (achamos nós) a que optamos por chamar loucura. E no entanto... quando olhamos os "nossos loucos" com um misto de comiseração, respeito e fascínio não podemos por vezes deixar de pensar se os loucos não seremos nós, se não serão "eles" que estão certos, ao escudarem-se numa realidade só deles [...]. São personagens intrigantes, fascinantes, desconcertantes, acarinhadas [...] como símbolos vivos de alguma coisa que não sabemos definir bem, Vale a pena conhecê-los. Quanto mais não seja pelas questões que nos obrigam a pôr  aos nossos "eus" mais escondidos"

Barrocas, Sofia "Nota de Abertura" 

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

algo mais

Insignificantes, é isso que somos. Nós e tudo aquilo que achamos intocável e indestrutível. Pequenos, frágeis, mortais. Senhores do mundo cujas vidas estão interligadas umas às outras através de uma rede de interesses sem fim. Nós e os nossos “grandes” problemas cujas soluções pensamos serem impossíveis de encontrar. Nós e os nossos egoísmos, crenças e hábitos que nos tornam ainda mais minúsculos.


Toda a nossa vida é feita de fragmentos que estão colados uns aos outros por algo invisível, pelo menos é assim que imagino. Quando um dos fragmentos se descola achamos que os restantes vêm junto com ele, o que nos leva a viver em constante equilíbrio forçado para que tudo corra conforme o planeado. É como suster a respiração durante o máximo tempo possível para não deixar a água inundar os nossos pulmões. Controlamos tudo e todos (pelo menos acreditamos que sim) mas não sabemos o que fazer quanto a nós próprios. Quanto aos nossos desejos e medos e as partes mais obscuras do nosso ser. O desconhecido sempre foi algo assustador, de verdade. Enquanto que ser “pequeno” nunca incomodou ninguém. Viver pelas regras e seguir o caminho traçado por outro também não.  


 E se não quiser viver conforme o planeado? O que estará para lá da monotonia diária? Há tanto por descobrir, por explorar, por onde crescer (sim, crescer). É a isto a que me refiro quando falo em ser pequeno, não de tamanho, mas sim de espirito. Ao longo de dezassete anos conheci gente incrível, gente que deseja mais do que tem e que faz por isso. Quero ser assim também. Não acredito em Deus e por essa mesma razão não penso que o facto de respirar seja uma dádiva divina. Mas acredito que vim a este Mundo com o propósito de fazer algo, de mudar algo. Critico-me a mim, antes de qualquer outra pessoa. Vivo influenciada pelos meus chamados “problemas de adolescente” e fecho os olhos aquilo que está a minha volta. Sinceramente espero que daqui a uns anos olhe para trás e diga que estes foram os anos mais estúpidos da minha vida. Ou não, quem sabe? Mas que está na hora de deixar de ser “pequena”, lá isso está. 

sábado, 9 de fevereiro de 2013

bye

Faltam-me as palavras para explicar o que sinto. Gostava de estar em Vila do Conde de novo. Perto do mar e de todos aqueles que, de certa forma, deixei para trás. Ficar sentada na areia e sentir tudo à minha volta, como se o tempo tivesse parado por um mero instante. Preciso de voltar aquele sitio tranquilo onde antes conseguia fazer com que todos os maus pensamentos se afastassem com o vento. Sentir aquela paz interior que só o mar me faz sentir. Preciso de me libertar desta tristeza que por muito que tente, não consigo mandar embora. É... isso. Agora e de uma vez por todas.
 Adeus.


"I'm not sure if I am depressed. I mean, I'm not sad. But I'm not exactly happy either. I can laugh and joke and smile during the day, but sometimes at night I forget how to feel"




sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

é isto, só isto

Não consigo dormir. Por muito que me sinta cansada e sem forças a situação insiste em repetir-se. Não entendo porque é que tem de ser sempre à noite. Porquê? Porquê que tem sempre de surgir algo que me tira o sono? Desde que me lembro que é assim. Todos os dias a minha cabeça é invadida por um turbilhão de ideias e eu não consigo fazer nada quanto a isso. Reviro-me vezes sem conta na cama à procura de descanso. Fecho os olhos e tento perder-me na escuridão. Sem efeito. Parece que quanto mais o procuro mais difícil se torna de encontrar. Porém, pensar nos prós e contras de toda esta situação também não me faz nada bem. Só me deixa ainda mais confusa e sinceramente, já o estou que chegue.

Não sei o que pensar, muito menos o que fazer. É tudo tão simples mas ao mesmo tempo parece tudo tão complicado. Parece que meço todos os meus atos e todas as suas consequências, quer estas sejam boas ou más, e não gosto disto. Não quero ter medo de errar ao dizer algo. Não quero ter medo de estragar tudo, seja lá o que “tudo” signifique. Quero ser como sempre fui e agir como sempre agi. Se houver mudanças então que sejam para melhor. Isto é tudo novo para mim e ao mesmo tempo é tão bom, como nunca pensei que pudesse ser. Quero parar de me questionar, ter receio das coisas, ter receio de estar a ver tudo de uma perspetiva errada e no fim me magoar.
Descobri que é isso que faço à noite, antes de ir dormir. Deixo que todos aqueles pensamentos que evito durante o dia, todas aquelas inseguranças que me vão destruindo por dentro me invadam por completo. Esta sou eu na minha forma mais vulnerável. Naquela que não deixo ninguém ver, ou quase ninguém pelo menos. Cheia de dúvidas. Dúvidas, dúvidas e mais dúvidas. E arrependimentos, e medos. Esta sou eu quando penso em nós e naquilo que poderia existir. Ou não. Por vezes penso que é só imaginação. Que é tudo fruto da minha cabeça. De qualquer forma, é o que sinto.